domingo, 14 de agosto de 2011

Que país é esse?

Esse post foi um pedido da minha grande amiga recifense, Taciana. Muitos de vocês devem ter lido ou visto alguma coisa sobre o que aconteceu em Londres e em algumas outras cidades da Inglaterra nessa última semana. O que começou como um protesto pacífico contra a morte de um rapaz pela polícia, resultou em uma onda de saques e violência em vários pontos da cidade e do país. Na TV e nos jornais, nas ruas, nos trens, nas conversas de escritório, o tema central era um só: O que aconteceu? Como chegamos nesse ponto? E, principalmente, para onde vamos agora?

Pra mim, o mais assustador não é nem exatamente a violência, que na maior parte do tempo foi mais direcionada a lojas e prédios do que a pessoas. Não se justifica, e pessoas ficaram feridas de uma forma ou de outra, lógico. Mas o pior, o mais perturbador, foi ver a cara dos "manifestantes" nos jornais e na TV. Jovens. Muito jovens. Crianças, pra falar a verdade.

E daí os intelectuais de esquerda e os políticos linha-dura de direita apresentam as explicações simplistas. É coisa de imigrante, de gente preta, dizem uns. Ora, mas as imagens mostram claramente a participação de crianças de todas as raças! É falta de perspectiva e de emprego, dizem outros. Seria, sim, mas como vc explica o uso maciço de Blackberries e Iphones para articular as "manifestações"?

O triste é quando a explicação do Governo direitista é a que faz mais sentido: É falta de porrada, falta de disciplina. Onde estão os pais dessas crianças? Que tipo de coisas elas aprendem nas escolas?

Lembrando que esse foi o país que adotou a "Lei da Palmada", que tornou crime pais darem qualquer tipo de punição física aos filhos. Também é o país que dá milhões de benefícios aos pobres e, principalmente, às mães solteiras, a ponto de muitas acharem que nem precisam proporcionar uma figura paterna aos filhos.  É o país que instituiu leis draconianas para impedir que crianças se machuquem, o que resultou, por exemplo, em escolas proibirem qualquer tipo de esportes nas suas quadras. E daí você pergunta, foi esse o resultado de tanta intervenção estatal?

No meio do turbilhão, alguns exemplos de heroísmo que merecem ser louvados. Os comerciantes turcos que enfrentaram os saqueadores e os colocaram pra correr. O pai que perdeu o filho, fazendo um apelo absolutamente equilibrado para que os jovens parassem com a violência. As comunidades que se organizaram para limpar o que restou das suas ruas, tendo como símbolo a vassoura e a xícara de chá equilibrada sobre o escudo da polícia de choque.

Daí você pensa que sim, nem tudo está perdido, ainda existe esperança no ser humano. Mas lembre-se bem disso, na próxima vez que for criticar o Brasil: Não existe país perfeito nesse mundo.

PS- Imagem tirada desse blog aqui.