Neste fim de semana, a Rainha Elizabeth II comemora 50 anos de reinado. Por isso, e por diversas outras razões, estive a pensar mais profundamente sobre essa ilhota onde vivo.
É difícil escolher um ponto específico na história de um país que tem estado perto ou mesmo no centro das coisas desde a época da Roma Antiga. Mas, recentemente, assisti um documentário muito interessante da BBC sobre o período da Guerra Civil Inglesa, que oficialmente aconteceu entre 1642 e 1651.
Basicamente, foi um conflito sangrento gerado pelo debate de ideias e posturas numa sociedade que se dividiu entre dois grandes grupos:
De um lado, os chamados Cavaliers, "cavaleiros". Esse era o grupo do protestantismo "light", sem oposição ferrenha aos católicos e às tradições pagãs. Era o grupo dos que defendiam a liberdade individual e o direito de se divertir e se expressar livremente, se exibir, fazer o que der na telha.
De outro lado, os "Roundheads", os protestantes radicais, que acreditavam em um código moral forte, na organização, na hierarquia, sem "distrações" e sempre pensando no bem coletivo, ao invés da satisfação pessoal. Inclusive, foi essa dedicação e capacidade de organização que fez os Roundheads ganharem a guerra contra os Cavaliers.
Porém, afirma o documentário, na verdade o conflito continua, de forma sutil.
Quando os ingleses vão pro pub, ficam bêbados, fazem farra, falam alto? Cavalier.
Quando os ingleses, na segunda-feira, obedecem certinho a fila no ponto de ônibus: Roundhead.
Quando você vê um inglês na rua, de casaco roxo-berrante, camisa amarelo florescente e tênis vermelho vivo: Cavalier. Quando você descobre que um colega de trabalho ajuda uma instituição de caridade sem nem ao menos falar a ninguém sobre isso: Roundhead.
Quer um exemplo ilustrativo?
Cobrir a marina de bandeirolas coloridas e patrióticas: Cavalier ao extremo.
Achar as olimpíadas uma grande palhaçada e um baita desperdício de dinheiro: puro Roundhead.