sábado, 17 de dezembro de 2011

La Rioja, um brinde à Espanha

Saindo do País Basco, em direção ao sul, dá pra notar claramente a mudança de paisagem. Deixa-se pra trás as montanhas verdejantes, pulsando em florestas coníferas. E entra-se em um território ainda montanhoso, mas mais árido, com matizes pedregosas de cinza e marrom. E a vegetação torna-se rasteira, pequenos arbustos aqui e ali. Agora sim, Espanha. Mais especificamente, a menor província da Espanha, La Rioja.

Se você gosta de vinho, provavelmente já deve conhecer esse nome. Sim, La Rioja, mesmo tão pequena, produz o vinho mais famoso da Espanha. E quanto orgulho dessa tradição, preservada em inúmeras variedades de uvas e bodegas, famílias que cuidam dos seus parreirais com tanto fervor quanto os seus antepassados.

O que quase ninguém admite é que a região deve muito aos franceses. Pois sim, La Rioja é atravessada pelo Caminho de Santiago de Compostela, o caminho de devotos que sai do sul da França e vai desaguar no litoral atlântico, na região da Galícia. Dessa forma, no meio do caminho, entre rezas e promessas, vieram as tecnologias e práticas que ajudaram muito a desenvolver o processo de produção e conservação dos vinhos, que hoje são um dos principais produtos de exportação espanhóis.

La Rioja não tem a urbanidade cosmopolita de Bilbao. Mesmo a sua capital, Logroño, tem um ar de cidade pequena, provinciana. Suas ruas são estreitas, seus bares ficam lotados à noite, de segunda a segunda, servindo uma variedade incrível de vinhos e tapas. Quase não se vê pessoas apressadas, carregando notebooks e smartphones. E sim, tudo fecha na hora da siesta.

Como se o mundo ainda tivesse aquela cadência tranquila de 50 anos atrás. Como se ainda pudéssemos apreciar a vida com a calma e deleite de quem toma uma boa taça de vinho. É compreensível, mas infelizmente não me admira que os espanhóis estejam ficando para trás em um mundo altamente competitivo e globalizado.

Tim-tim.

Para ver fotos dos vinhedos, clique aqui.
Para ver fotos de Logroño, clique aqui.

2 comentários:

Marco Pacheco disse...

Como sempre, ótimo texto, leve, frutado,acidez equilibrada e sabor de fundo prolongado, como os maravilhosos crianzas da região!
Beijo.

Analu. disse...

E viva a siesta! Espanha, taí, meu próximo lugar de visita na Europa. E em breve, eu espero. E desda vez, teremos q nos encontrar, amiga!