Acontece com todo relacionamento.
De primeira, você vê o que todo mundo vê: a beleza, a elegância, o charme. Todo mundo fala e você confirma. E se deixa apaixonar, como todo mundo.
Depois, com o tempo, vai descobrindo outras belezas, aqueles detalhes que só a intimidade revela; aquela curva, aquela sombra, aquele lado que nem é tão perfeitinho mas é adorável. E vai se apossando daquilo como se fosse seu, como um segredo, uma cumplicidade, uma realidade dentro de um sonho.
Mas um dia, eis que um dia, bate uma luz, bate um momento, e você vê de novo o que te atraiu no começo, e perde o fôlego, e se apaixona tudo de novo, porque mesmo após tantos anos.
Londres continua linda.
domingo, 23 de março de 2014
domingo, 16 de março de 2014
Portugal, eu te...
Eu queria ter odiado Portugal. Aquele paisinho distante, e ao mesmo tempo tão próximo. Com aquele sotaque, aquela língua, que parece diferente, mas não é.
Eu queria ter odiado, odiado muito. Cada estátua, cada referência a um passado de glórias, de conquistas coloniais, me fazia lembrar do sangue dos meus antepassados, e da exploração da minha terra.
E então vinha um mendigo pedir um euro, me lembrando que tudo não passa disso: Passado.
E então eu andei pelas ruas do Porto, com seus belos casarões e jardins ensolarados. E então eu me deliciei com as leiterias e restaurantes, e tomei vinho do Porto à beira do rio Douro.
E eu conversei em Português. Tropecei em termos, e pronúncia, e esbarrei em desconfiança, mas também em gentileza. E foi estranho ser menos estrangeira em uma terra estrangeira.
E fui feliz. Assim, sem querer, contra a minha vontade. Foi estranho.
Eu queria ter odiado Portugal.
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